Daniela Ivo Escritos
Escritos da Dani e Marcinha
segunda-feira, 22 de novembro de 2021
Mergulho
sexta-feira, 13 de agosto de 2021
Amor de mãe
Minha filha,
eu te amo de forma infinita
e queria que você soubesse
que não é ruim a gente sentir,
a gente temer ou chorar.
Ruim é a gente deixar de dizer
que ama quando ama,
porque a gente nunca sabe
se vai ter nova chance de dizer.
Então não deixe irem embora
os momentos em que você sentir
amor por alguém.
Mesmo que te achem muito emotiva,
diga e deixe que toda boa
emoção e sentimento
tenha passagem em você e alcance
o outro enquanto está ao seu lado.
O futuro não existe
e o passado já se foi... só temos o presente.
Então ame e viva o melhor hoje.
domingo, 25 de julho de 2021
Eu te amo hoje
Eu queria dizer que te amo
e dizer que isso não te compromete em dizer o mesmo
porque o te amo é de mim para você
como um presente que lhe dou e pode fazer o que quiser
eu te amo na liberdade que aprendo em nossos encontros
eu te amo no carinho que há tanto tempo eu não tinha
eu te amo sem precisar dizer
eu te amo porque há cumplicidade no nosso café
porque amo dormir, acordar e ouvir seus tiques
e queria te dizer hoje porque é o que eu sinto agora
porque tudo de bom que vivemos nesse momento
deve ser dito e sentido no seu melhor
porque se amanhã eu não te amar mais
vou ter sido feliz em saber que te amei hoje
terça-feira, 9 de março de 2021
Compreender
Meu bem,
Você é tão maior que tudo isso que está lhe afligindo,
porque tudo isso não é o que você realmente é
As dores, os amores, até mesmo a gente,
são só experiências pelas quais passamos
e que não definem quem somos.
Você é essa pessoa livre, feliz e plena
por trás de todos esses momentos que parecem não passar.
Por trás da solidão que você sente,
há alguém que sempre esteve aí
alguém que não muda, em essência.
E sim, você tem uma essência que é bela e não perfeita
como toda a natureza ao seu redor.
Sei que sou suspeita em falar,
Porque acredito em tudo,
Em todas as coisas possivelmente existentes,
e por isso acredito em você,
como acredito em mim
e em todas as pessoas que de verdade sentem.
E nós sentimos tanto...
Sentimos, e por isso a vida nos parece mais dura.
Mas é só um aspecto dela,
de toda essa coisa que a gente tenta entender pra viver melhor.
O que existe por trás disso que vemos é tão maior que a gente,
E fazemos parte disso, pode acreditar.
Eu acredito em você, meu bem,
Na sua força, na sua sutileza e em tudo o que você é
porque eu te vejo, te ouço, te sinto e acima de tudo, te compreendo.
Daniela Ivo
09/03/2021
domingo, 7 de março de 2021
Prazeres à mesa
Sempre tive grande prazer nas
refeições. Pra mim elas eram quase rituais e um momento único, por mais
repetitivos que fossem os almoços ou lanches, eram quase estados meditativos.
Mas fazia anos que eu não tinha
mais esse prazer, e não sabia bem o que tinha acontecido com aquela minha
vontade em experimentar temperos, em inventar minhas “ante receitas”, em
descobrir o que deu ou não certo, o que agradou mais ou menos o paladar.
As refeições se tornaram
silenciosas, mas um silêncio não apreciativo e sim defensivo. Sim, havia um
receio em falar. Em falar e ver a expressão meio torta do outro, em falar e
ouvir a reclamação, em falar e não ter retorno, ou ainda retornar uma fala tão
desestimulante, que preferi apreciar o vazio das refeições.
Isso hoje me faz lembrar o vazio
das refeições na casa dos meus pais antes deles se separarem também, quando meu
irmão e meu pai brigavam, quando minha mãe já tinha silenciado por motivos
parecidos com os meus. E eu só percebi isso depois de tantos silêncios
assistidos em minha casa.
Hoje aqui as refeições são
inconstantes: temos apreciações de temperos e dos nossos gostos diferentes,
meus e de minha filha. Trocamos impressões sobre essas diferenças e mesmo
havendo uma reclamação dela, típica de libriana que quer tudo em equilíbrio,
mesmo assim a gente no final acaba rindo de alguma ideia que surge, acaba
contando outras histórias que se deixam vir, ou até ouvimos as discussões dos
vizinhos e rimos.
Temos encontros de verdade à
mesa, mesmo que só nós duas. Ou quando minha mãe vem nos visitar e as falas se
multiplicam mais ainda, deixando a comida esfriar no prato de tanto a avó e a
neta falarem.
As inconstâncias das refeições
viraram rotina. E a rotina do preparo das refeições não são mais silenciosas:
são livres e abertas à cumplicidade, às novas ideias e experimentações, aos
erros e às preguiças do domingo.
Hoje as refeições me refletem,
porque não silencio mais diante do que me dá prazer, e não silenciarei mais
diante de qualquer ausência, principalmente de mim mesma.
Daniela Ivo
01/03/2021
(texto produzido para a oficina online do Projeto Mulheres de Sal)
Imagem da arte de Rui de Paula - Fogão com bule azul
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021
Ser leve
Meu bem, quanto peso a gente carrega sem precisar.
Se eu soubesse antes que a vida podia ser mais leve,
não teria deixado tanto tempo passar sem dizer o que era preciso.
Mas o tempo é um grande mensageiro atrasado aos nossos olhos,
a gente quer entender sem saber esperar
e quando ele passa e nos ensina a lição
parecemos esquecer que dói mais não ter entendido antes.
A dor do conhecimento é algo que aos poucos
acomoda todos os empecilhos dentro de nós,
faz surgir o sentido de tudo que foi visto,
revela o que antes era só peso
e, por fim, traz leveza aos dias.
A dor maior que fica é a solidão do conhecimento
é ver sozinho, quando a gente só queria dividir isso tudo com o outro.
Repouso no balanço da cadeira que me acolhe
e deixo partir o vazio em mim pelo jardim afora.
Dona Marcinha
18 de fevereiro de 2021
Cartas de pandemia
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021
Desejos de folia
É Carnaval, meu bem, e agora?
Todas as vontades de fazer o que der na cabeça, todas as loucuras e bichos que ficam aprisionados durante tanto tempo, não vão mais pular por aí.
Não vamos pôr a purpurina no rosto e arrumar a fantasia de última hora. Aquele bloco de marchinha que arrasta a gente como se fôssemos parte do mundo, e o mundo fosse parte da gente, não vai sair.
Fico com medo de sair de casa nesse carnaval fake, porque muitos estarão sem máscaras, fazendo ainda suas loucuras e talvez até mais, porque existe uma impunidade mortal no ar.
Eu queria enfeitar minha varanda e voltar a beber só essa semana, pra poder deixar minhas mágoas irem embora também.
Eu ia escrever sobre elas hoje pra você, mas lembrei do Carnaval, de não ser mais jovem, de não ter mais quem beijar na boca nesse carnaval.
Ah, e como é bom ter amor de carnaval! Ver os casais com fantasias que combinam, grudados, pulando e caindo por aí, até voltarem apoiados uns nos outros pra casa.
Tanta gente, tanta alegria... Alguns ainda vão festejar na surdina, se aglomerar e não vão resistir em fazer churrascos, e festas, e bailes, e não saberemos depois se além de cinzas e confete, o que mais vai sobrar pelos hospitais.
Tanta gente, e eu aqui na minha varanda escura.
Espere que fique bem por aí, que resista em não pular, e que beba um pouco pra se alegrar, veja bons filmes, encontre quem estiver seguro como você, e seja feliz nesse carnaval.
Sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021.
Cartas de Pandemia
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
Somente um oi
Oi, meu bem.
Resolvi te escrever antes que tudo acabe.
Calma, que não há previsão de novo fim do mundo, mas é que a cada mês há algo novo que parece dizer que todos estamos no fim dos tempos.
As pessoas estão meio loucas, ou meio anestesiadas de tanta loucura, que já nem sei. Nem mesmo eu sei se não peguei esse vírus.
Ele nos deixa pensando na vida, na morte, depois deixa a gente voltar ao quase normal e decidir o que fazer com as duas sensações de fim.
E no fim tem quem não pense em nada, que não mude nada, e siga sua vida de sempre, de não enxergar muito além do que o dinheiro paga, das festas, dos fins de semana em algum restaurante bom.
E tem quem não saiba mais por onde começar a reviver, depois de tanto que viu e sentiu. Tipo eu, assim.
Não tenho mais vontade de ficar famosa, mas sigo contando meus pensamentos, com uma ânsia doida de sempre sentir mais, porque entender mesmo eu já sei que não tem mais o que entender, só o que sentir.
E sabe meu bem, parece que só eu sinto. E me sinto um alienígena muitas vezes. Aquela sensação de não saber bem o que encaixa com o que mais. Como na adolescência em que a gente tá se descobrindo.
Mas eu já passei dos 40, e fica chato dizer isso, mas parece que tenho uns 15 de novo, nesse sentido. Minha sorte é que a gente não desaprende nada, e somo a essa sensação pueril o que vivi até aqui.
Acho que o resto é reentender, saber lidar e esperar a vacina chegar direito pra sentar na beira da lagoa com liberdade real, com papos reais e pessoas que de verdade sejam.
É, meu bem, nada acaba, e em breve eu te escrevo de novo. E se eu passar pro outro lado dou um jeito de alguém psicografar, pode deixar.
Fique bem por aí. E a cada dia que surgir um desânimo, tome um café ou um chá, o que lhe for melhor ao seu coração, mas me envia mensagem sempre.
Cartas de Pandemia
segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021
Repetição
quinta-feira, 10 de dezembro de 2020
Retorno
Olho o tanto que fui
Fui insônias, tristezas, cegueiras
Fui em prantos, em lamentos, em olheiras
Mas fui porque o quis deixar ser
Fui assistindo o espetáculo dramático
Achando-me a atriz principal
Mas eu estava na coxia
Cega, atrás das cortinas,
Tentei fazer parte das cenas
Fui até onde não sabia mais meu papel
Até haver desistência e silêncio
Até o fim
E no fim, ainda não acreditei que terminava
Ainda achava que era um sonho
E o sonho se quebrou, se gritou, se cansou
Nem mesmo o paletó era meu
Ficaram os espelhos somente
A me fazer enxergar a profunda realidade enfim:
Sempre estive só.
Agora é recaminhar.
sábado, 4 de março de 2017
Cansada
Já gastei meu latim
cansei de pensar que isso teria um fim seja breve e leve, o vento que venha a me levar venha pelas folhas, carregue a areia que cobre meu peito lave a terra que não secou de tanto molhar termine enfim bastei em ser nó em cansar de tentar gritei por socorro e a sua luz não veio veio horas da tarde e perdi o sol se pôr pôs-se o que vinha sem tempo de querer ficar fica mais calma, mais zen seja menos peso, não carregue no ombro diga amém, sem pensar em quem vem siga a luz ao som do cansaço descalço, te faço em pedaços pra poder aguentar rumino o futuro de quem anda, ama ainda em meu nome manda silêncio, obedece a tua matéria, que ela não era a louca estrela, não deixou de brilhar venha, importa o jogo, a dança, o passo a música faz-te ninar e a menina ainda cresce come o doce que te reservou, lava os dedos e deseja de novo |
Falta
Faz falta a nossa vida
a vida que já não existe
A gente muda
mas se muda demais já não sabe o que é
Não saber o que dizer
não ter o que falar
incomodar o silêncio
Silêncio em excesso
Só
Sentir não importa
Crer não importa
O que importa?
Amar, só se for concordando com tudo
Sempre vem o choro
a ausência
a mágoa
a desistência
Até quando?
quinta-feira, 2 de julho de 2015
Sem título e sem data
sou assim sem escândalos
Torturas afins
sei me conter como tantos
Casa de mente escura
obscura em prantos
socos e tapas que dou
nas paredes da pele
que reveste o ser
Ser mais ninguém
vontade de sair
horas de fazer passar
Passa por cima
dos restos de mármore
troncos de árvore
que cobrem o jardim
Lâminas de aço
sem mola nem fio
cortam palavras afiadas
meu pulso esvai tudo
Cordas farrapos e restos no chão
Um milhão de soldados
na rua boladas e protestos
eu nua aqui
Calada sentada
cansada de não rir
e sentir
Covardes encantos
não choro
por mim
Caneta na mesa
só ela
a cuidar
Minha menina branca
bendita
me anima a acalmar
sexta-feira, 16 de maio de 2014
VAZIO
Não é o que eu sinto em mim
Mas o que sinto no que vejo
Vejo palavras fortes, campanhas, conselhos, e nada.
Só o vazio das folhas que não existem
Saudades de ler e escrever, de sentar no fim da tarde, de abraçar
Não vejo pessoas, vejo reflexos, espelhos que tentam impressionar
E assim, vejo o vazio
O vazio de meus contemporâneos, que se perdem em teclas sem voz
Eu vivo no meu silêncio, para não falar o nada
Nada de impressionar, declarar amores e ideais, levantar bandeiras que estão em branco
Levanto-me e trabalho,
Levanto-me e cuido,
Levanto-me e ando.
Todos os dias vejo pessoas reais, numa vida de trânsito, numa estrada de muitos caminhos
Abraço quem eu posso, beijo quem se importa, brigo se acordar alguém
O resto.... só vazio
E eu, só uma voz a teclar.
16/05/14
terça-feira, 20 de agosto de 2013
Anos
sim, pois a idade do Cristo também venci
e de agora em diante tenho meus próprios espinhos
a plantar em outras cabeças e pregos
a bater em palmas
Jaz que a juventude se foi em fotos
e do tédio de minhas asneiras
bebi com meus amigos, a fazer rir o garçom
Jaz que a articidade e espírito leonino se converteu em espiritualidade,
rezo na manhã do meu lar, no aconchego de minha família
a recontar o que sou
Jaz, de tempos em tempos, aqui se faz uma breve conotação de fatos sentidos
a expropriar o direito de ser eu ou ela, outra pessoa
Jaz, que eu não danço jazz, nem negra nasci
mas percorro o chão que se levanta aos meus pés
Jaz, que a vida corre e minha pequena cresce
e escreve mais do que eu em mim
Jaz, que reinvento as tentativas de amor de meu amor
e norteio meu coração pelo que pode vir a ser
Jaz que fiz idade
sexta-feira, 7 de junho de 2013
SE PERDER
SEM TER O QUE FALAR
SEM TER O QUE DIZER
SEM TER AO MENOS O QUE NEM ACREDITAR
SEM TER O QUE SENTIR
SEM TER O QUE SE OUVIR
SEM TER VOCÊ AQUI PRA RECLAMAR DE MIM
SEM TER O QUE FAZER
SEM TER O QUE CEDER
SEM TER DIREITO OU VERDADE DE QUERER
SEM QUERER ME DESPEDIR
SEM ROUPAS PARA ME DESPIR
SEM DESCULPAS OU POR QUERER TE OFENDI
SEM LÁGRIMAS PRA CHORAR
SEM FORÇAS TENDO QUE ANDAR
SEM CALMA E DESESPERO QUERO CORRER PRA TE BUSCAR
SEM VIDA PRA SENTIR
SEM CORES PARA COLORIR
SEM FADAS OU DUENDES PRA ENFEITAR O MEU QUINTAL
SEM VOZ EU TENTO TE CHAMAR
SEM RESPOSTAS EU SENTO A ME CALAR
SEM MÁGOAS E MENTIRAS INVENTADAS
AGORA É TUDO IGUAL
terça-feira, 1 de janeiro de 2013
Dois mil e treze
o computador pifou
o carro sumiu
as canetas falharam
mas o mundo não acabou!
A sogra chorou
a cerveja até sobrou
e os amigos riram
Hoje tem sol e praia pra quem quiser
tem parente pra visitar
criança pra buscar
e tudo afinal vai voltar ao normal
Porque foi só mais um dia
mais uma briga
e uma boa dormida
que me fez ver que o tempo já foi
que nem bebi tanto
O que vale é o quanto
a gente gosta de verdade
sabe tolerar e dar beijo de boa noite
porque o final não chega
e daqui a pouco já é carnaval
quinta-feira, 20 de dezembro de 2012
O faz de conta
Perdão que nada
Peço perdão por mim e por você
terça-feira, 2 de outubro de 2012
Lá
sexta-feira, 18 de maio de 2012
A pequena
é a Malu leitora!
Lendo as suas histórias, seu gibi,
lendo as rimas de poesias
e me fazendo rir!
Fico aqui que nem boba,
com a pequena que recém
aprendeu b com a comigo,
entendeu o que é interrogação
e agora sabe entonação!
Malu Maluca,
soa como uma aprendiz
mas que não é mais minha
porque me ensina muito mais,
e ainda faz o que eu não fiz!
segunda-feira, 19 de março de 2012
Presente do Vento
segunda-feira, 12 de março de 2012
Ceci, Amyr e Janaína
Em poucos minutos, me contou sua história
e o homem de 60 anos me emocionou com suas memórias
Ele, simples pescador, que também gostava de mergulhar
iniciou, sem querer, um famoso menino na arte do mar
Sem planejar, o menino surgiu faminto por embarcar
naquela que seria sua eterna canoa: Janaína
O menino, de tão insistente, fez Seu Ceci emprestar a canoa
e, de repente, tinha sumido na lagoa
Disseram a Ceci que fora do outro lado da bacia,
visitar a ilha de seu pai
Cecir admirou-se pela vontade de um menino de dez anos de idade
Alguns anos passados, o menino voltou ao pescador
acompanhado por sua mãe que pediu, quase chorando,
que a canoa fosse comprada, pois o menino
desde aquele dia, só ficava acordado sonhando
com aquele mar e por ali estivesse navegando
Assim, Seu Ceci vendeu Janaína
que o menino Amyr até hoje conservou muito querida
Anos depois, o menino também virou homem do mar,
conta histórias de sua vida a navegar pelo mundo
mas não esquece onde nasceu sua sede por viajar:
em Paraty, com o pescador, poeta e encantador Seu Ceci!
Ps.: Ao final dessa conversa Seu Ceci tinha lágrimas nos olhos.
Não resisti, e lhe dei um abraço!
terça-feira, 6 de março de 2012
Pedido
Me leva pro seu mar onde tudo pode se realizar
Janaína que embala os barcos, embala meu corpo agora nas ondas do seu mar
Rezo a minha mãe d’água que venha me levar
Minha mãe, meu mar
Me guia nas ondas dessa vida,
pra levar o meu barco por seus misteriosos caminhos,
quinta-feira, 5 de janeiro de 2012
Quando tudo está muito bem
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Reverência
Três
Sou agora o desejo de ser
A vida surpreende e decepciona se esperarmos por isso
E agora tenho o compromisso de não ser mais surda!
domingo, 19 de setembro de 2010
Contraditória
terça-feira, 29 de junho de 2010
Trocas
trocamos de roupa pelo prazer de trocar
de cor de cabelo, quando enjoamos
trocamos a casa, quando ela é pequena
ou sua cor, se não a trocamos
e talvez os móveis de lugar
trocamos de canal da tv, ou de estação do rádio
de lugar na escola, no ôbinus
ou de carro, se temos mais dinheiro
trocamos de sapato, se não combinam
e de bolsa também
trocamos uma ideia, sem compromisso
assim como trocamos com quem falamos
essas mesmas ideias
trocamos palavras sinceras
e elogios ou ofensas
carinhos ou desprezos
trocamos as pernas quando bebemos
ou nosso caminho, mesmo sóbrios
trocamos a conversa, se não compreendidos
ou a companhia se não compreendemos
trocamos de hábito por necessidade
ou de namorado quando trocamos nossas necessidades
trocamos metas, quando o tempo passa e não conseguimos nada
trocamos as fraldas quando somos mães
e aí também trocamos os dias pelas noites
mas aprendemos a nunca trocar o amor que sentimos
trocamos a noção de felicidade que tínhamos
trocamos nossa vida, quando já não sabemos o que trocar
trocamos de certeza, quando estamos em dúvida
trocamos a alegria pela tristeza, e em segundos
o contrário, sem saber como
trocamos de atitude, quando trocamos de ponto de vista
trocamos intimidades, olhares, experiências
E ainda somos capazes de trocar tudo isso por algo que não entendemos,
pelo simples prazer de trocar.
sexta-feira, 21 de maio de 2010
Desarranjo
vejo de novo
como como você comeria
faço o que não ouço
ouço
repouso
e não esqueço
calo e retardo
corro
correria que a minha perna cansa
ai ai
dança
que vontade que dá
essa miséria de vida
me faz lembrar
de você
sempre
meu espinho alcança a testa
me resta você
calo
e você fala na cabeça
cala minha inconsciência
e minha pele apenas sente
o ar passar
e vê que nada é tão sério
é sério
sim é
mas se eu parar pra pensar
não tem mais graça
a roda continua
se repete
me repele
me empurra
eu que nem sei
eu que nunca quis
me obriga a admitir que existo
só isso