segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Negação

Não quero fazer alarde nem fama
Quero ter prazer
E quem me ver
Gostar de verdade
Não só por ser arte

Não quero fazer propaganda
Ou mostrar-me em fotos
Circular nesse círculo em que não me encaixo
Prefiro a margem dos que estão por baixo
Sou a do rodapé
A pequena que fica nas entrelinhas
Povoada em sonhos
Fascinada com as nuvens lá de cima

Quero compartilhar, mesclar
E me encontrar no que gosto
Não só sobreviver
Quero ser a fumaça do mágico
Que aparece sem ser vista
Mas que brilha no fundo

Não quero os holofotes
Mas sim o luar à noite
E o sol que me alimente
Não quero ter um intelecto-demente
Que me convença de ser rei
Quero descer do palco, ser plebeu
E banhar-me no vinho e na dança

Que hoje eu seja o que um dia sonhei
E que no final não me peçam para acordar!

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Dois

Meditar, ampliar
Ser, estar

Ser mais, doar
Dar, receber
Trocar

Ser um e outro
O outro em si
Deixar de ser-se

Sentir, refletir
Refletir-se nela
Reflexo dele
Ser dois

Ser um
Andrógino sendo dois
Dentro de si
Ser além

Relaxar...
Expirar, aspirar
Sentir estar

Sê cada um
Sê um... não.
Sê vocês!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Saber

vou sendo o que não sei
sei o que não sou
mas o que quero ser
deixei se perder em sonho
e fui feliz lá
mas quando acordo
já não lembro do agora
e peso no presente
em que me dispenso das horas
a figurar o que deveria ser
e daí?
não sei,
descobri hoje o nada em mim.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Duas

Partida em mim
Em duas metades
Em dois princípios
Um sólido, por ter sido o que não desejei
A lamentar o que não fui
A remediar meus desejos de ser

Outro fluido
Se regenerando como pode
Administrando o tempo que tem
Contorcendo-se entre as obrigações da vida que possui
E as tentativas de viver o que ainda pode ser


O que vale nesse tempo em que aqui estou?
Fazer o que me dá na cabeça,
Pesar o meu pensar...
Agir ambientalmente ou somente para mim, nesse instante em que existo...
Mas não vivo só, dei passagem a uma vida que hoje depende de mim
E eu dependo de outros, e outras coisas que não me pertencem

E a que pertenço? A mim? Ao outro? Ao mundo?
Venho conflituosa caminhar sob as árvores e relembrar o que sou
O tempo não passa tão rápido
Eu que o vejo assim, e a vida torna-se lenta então
É só percebê-la da forma que convir que será o que se deseja

Então, o que desejas?

20/06/08

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Rê - in

Ai a razão...
histeria de meus olhos...
Meus pensamentos...
mãos do vento...
E você...
uma borboleta que não entendo...
uma historia fantástica que ainda não aconteceu
que foge à razão e trai meus sentidos
que dissipa o que acredito e faz-me incompreender-te
Grande sereia da lua
que sobre sua fria superfície nada
como se nada existisse nesse nosso planeta verde
Nada... é o que nem sempre entendo,
mas vejo uma luz que me deixa ao menos... curiosa!