segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Reverência

Ao negro que me invade e faz do chão o seu terreiro
Deixando sua música e dança em meu corpo
Falando simples, sendo forte em seu conselho

Ao índio que rompe pelas matas
E chega em minha alma
Fazendo-a seu abrigo, colhendo seu alimento e firmando mais

À criança que me ensina a brincar e relembra o que tenho
Todos os dias em minha boca mas esqueço:
As doces palavras

Ao povo que vem de lugares que nessa vida não conheci
Mas que carrego dentro do meu coração -
Que enlaça nos campos
Que balança no mar
Que encanta na rua

Às luzes que ainda não sabemos seus nomes
Mas que nos motivam a sermos melhores e nos guiam nesse caminho de fé

17/10/11

Três

Já não sou mais duas
Nem partida ao meio
Já fui o que sempre quis
E deixei o resto pela metade
Deixei de ser o que sonhava
E deixei de sonhar
Mas acima disso deixei me levar
Por uma vontade alheia a mim


Sou agora o desejo de ser
A mudança em volúpia
A transmutação do que eu não sabia ser
Descobri em mim eu mesma
Percebi que não era dividida em dois
Mas olhava somente por dentro e por fora
E hoje sei que existe outro caminho


A vida surpreende e decepciona se esperarmos por isso
Então não mais espero
Faço o que sinto e reflito antes de falar
Não por ser descabida, mas por ser mais gentil
As falas que me invadem não são mais de mim
São de tudo o que não enxergava
O que não sabia de onde vinha


E agora tenho o compromisso de não ser mais surda!

30/03/09