terça-feira, 2 de outubro de 2012


Queria que essa folha em branco no meu computador dissesse mais que o que vou dizer
Mais o que sinto e penso
Conceitos, perturbações, conflitos, religiões
Tantas coisas por falar, por fazer
Nada aqui
Ninguém
Há um espaço entre eu e essa linha, entre o branco da folha e as teclas em que digito
Há um espaço entre o que falo e que penso, entre o que sinto e o que o outro vê
Certa vez disse que a imagem de mim nada mais é que só imagem
Mas como isso se apaga, se transforma ou deforma sem que a gente perceba?
Há um espaço vazio, entre minha mão que te aperta e minha voz que sussurra
Um espaço , um lugar em que mais de uma presença é sentida, mais de um sentido é composto
É um espaço em que creio, em que me empurro tentando entrar, mas que não passo da parede do espelho
Há um espaço em que me movo, em que movimento minhas inspirações e deixo que o círculo se complete e me complemente em que falto
Há um lugar, um lugar onde a ausência é somente de tudo o que eu não entendo
O que perturba me faz andar, tentando achar esse espaço, esse lugar , essa presença do que não está aqui
A casa por arrumar, o marido que chega
Meu espaço mudou, chegou e talvez eu tenha visto alguém no espelho acenando pra mim, ou tirando o pó da mesa
Há um pouco de chá, de mágoa, de resto de café derramado no chão
A pia vasou, o cachorro não quer entrar na casa, no seu espaço, ele procura por algo
Eu sei que você não vai entender, não é pra isso
É só pra eu tentar mais uma vez te encontrar aqui