quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O faz de conta


As feridas estão abertas
Se eu pudesse seria um pássaro pra voar daqui
Ou ter músculos pra te bater
Mas nem um nem outro resolvem
Minhas feridas não secam, o alho continua a temperar demais
Soa como nunca antes, dói que nem topada no dedão
A faca tá amolada sobre a mesa, esperando alguém cortar o pão
Dividir essa coisa mal cortada, essa comida estragada
Se eu pudesse seria uma leidi, seria Amélia e Eva
Mas não sei, não passo do quadrado de minha casa
Suporto o que se convém e o resto vira drama
Nossa vida parece novela que não termina, desenho inacabado
Queria conseguir de verdade, evoluir nessa noite e virar lobisomem
Uivar pra lua cheia e correr por aí
Ser menino de treze anos, que nem a lenda
Vivo sonhando acordada, viro demais na cama e caio no chão
O chão me acorda e me diz qual é o limite, mas dói e deixa o rosto roxo
O amor é estranho mesmo, ou eu que sou
Porque nem sei pedir desculpas, nem deixo o tempo passar
Sinto falta da tua pele e de tua magreza
Queria ver filme junto, ir á praia
Mas o tempo ficou nublado e não tem vento que dê jeito
O meu peito nem sente mas a cabeça roda
Enquanto fico aqui esperando na lógica da reencarnação
Acho que o problema é esse, é voltar
Se eu voltasse poderia me segurar e dar um tapa pra me acordar
Saber que ia dar zebra, que o bicho pegou
Só que a vida tem relógio e conta depressa o tempo da gente
Nem percebi que você foi embora, fiquei aqui divagando nas minhas objeções
Incerta de ter razão ou sentimento, contando os papéis de notas a pagar
Esqueci da criança que pari, de criar devagar e com paciência
Aprender não é fácil, mas a gente vai seguindo até o portão fechar
Se der o sinal e eu ficar de fora, vou chorar que nem criança
Vou sentar no meio fio e por a cabeça entre as pernas pra ver se  o mundo gira
E não vai eu sei
Vou ter que levantar e lavar a cara, mas eu fico aqui te esperando até você sair
Até me dar outra chance
e vou rezar pra Deus não me entender e me dar outro tombo
porque senão não aprendo

04/12/12

Perdão que nada


Peço perdão por mim e por você
Perco as horas tentando ver
Conto as moedas e não dá pra comer
Pego o ônibus e durmo depois        

Tento rimar mas acabo sendo clichê
Toco sua pele e ninguém vê

Barbarizo a minha face quando não devia
Gravo a minha voz e falta sintonia
Me falta achego, te peço dengo
E faz que não me escuta

Deixo o tempo passar
E é só o que faço