Jaz que passei dos trinta e não fui crucificada
sim, pois a idade do Cristo também venci
e de agora em diante tenho meus próprios espinhos
a plantar em outras cabeças e pregos
a bater em palmas
Jaz que a juventude se foi em fotos
e do tédio de minhas asneiras
bebi com meus amigos, a fazer rir o garçom
Jaz que a articidade e espírito leonino se converteu em espiritualidade,
rezo na manhã do meu lar, no aconchego de minha família
a recontar o que sou
Jaz, de tempos em tempos, aqui se faz uma breve conotação de fatos sentidos
a expropriar o direito de ser eu ou ela, outra pessoa
Jaz, que eu não danço jazz, nem negra nasci
mas percorro o chão que se levanta aos meus pés
Jaz, que a vida corre e minha pequena cresce
e escreve mais do que eu em mim
Jaz, que reinvento as tentativas de amor de meu amor
e norteio meu coração pelo que pode vir a ser
Jaz que fiz idade